Dia 2 - Madrid - Barcelona - "ferry"

sexta-feira, agosto 27, 2010

Balcãs 2010Publicidade à borla...
Depois do esforço do dia anterior, de deitar tarde, muito tarde, acordar cedo não dá. Resultado: lá conseguimos acordar todos por voltas das 11 horas. Arrumar as poucas coisas que tínhamos tirado, pequeno almoço pastelão e ensonado ainda no Ibis – com pouca variedade porque mais uns minutos e nem vê-lo – e, às 12 horas, meio do dia, estávamos prontos, em cima das motos já a funcionar e a arrancar em direcção a Barcelona. Calor, das poucas coisas que me lembro da saída, além do bufet que nos dava um pouco de sombra.

Quando se a quer atravessar rapidamente, Espanha é seca. Espanha é secante. Espanha é desesperante. Espanha é interminável e quente. Muito quente. Apanhamos um calor abrasador na zona de Zaragoça. Muito calor mesmo. As motos aqueceram, mesmo com o bom andamento da auto pista e, calor dos motores mais calor do ar, só apetecia tirar casacos, colocar um capacete aberto, óculos escuros, calções... ok não podíamos. Estávamos em viagem e a segurança exige o equipamento todo em cima. Casaco, capacete fechado, botas... Toca a transpirar.

Auto pista...

Uma pequena porção de caminho, em que a auto pista passa a paga num troço de cerca de 40 quilómetros de extensão, se bem me lembro, fizemos na estrada do duros. Conhecida assim porque é a única alternativa ao troço pago e por isso os camionistas e seus camiões adoptam-na, na sua grande maioria, formando longas caravanas de camiões. Apanhamos muitos, mas lá fomos conseguindo passar por eles, algumas ultrapassagens queimadas, outras nem tanto, mas nota-se uma atitude muito diferente dos condutores portugueses: enquanto os camionistas quase se colocavam fora da estrada para nos deixar passar, os condutores de veículos ligeiros esperavam calmamente a sua vez, não forçando, não apertando, não ziguezageando, deixando-nos passar.

Balcãs 2010Pena à luta com as malas, uma constante ao longo da viagem :)
Depois dos duros, entramos novamente na autopista. Tirando os abastecimentos e o calor, nada digno de registo; tudo calmo, circulando sempre por volta dos 140 km/h e nem a DR nos obrigou a parar. Melhor, obrigava, nos abastecimentos a um paragem maior. Para abastecer duplamente: de gasolina e de óleo do motor. Siga.

Mesmo à entrada de Barcelona passamos por uma “barreira” de calor tão intenso e estranho que pensei que o motor da minha GS tinha rebentado e que estava a levar com o óleo a ferver em cima. Mas não, era só mesmo o calor do ar! Que sensação estranha!

Barcelona estava... um nojo. Um calor extremo e uma humidade inimaginável, quiçá só experimentada em locais tropicais, originava um bafo peganhento e viscoso que se colava à pele e nos deixava automaticamente a escorrer água como se estivesse a chover torrencialmente. Fora isto, Barcelona estava como sempre, muito movimento, muitas mulheres e raparigas bonitas, muitos turistas.

Mal entramos em Barcelona fomos directo ao porto de embarque para ir buscar os bilhetes e inteirar-mo-nos correctamente da hora da abertura dos porões para o ferry. Como ainda tínhamos tempo e no ferry as coisas são disparatadamente caras, fomos às compras. Vamos aqui, vamos ali, resolvemos ir ao Corte Inglés. Subimos a La Rambla – mais mulheres bonitas e em concentração elevada – e lá demos com aquilo. Uns ficam nas motos, outros vão às compras. Eu quis ir pois dentro do Corte Inglés estava um agradável e civilizado ar acondicionado para fresco e seco. Mais uns belos espécimes... Ah, paraíso!

Balcãs 2010 - Ferry Barcelona - Civitavecchia

O resto foi a correr directamente para as 20 horas que íamos passar dentro do ferry. Descemos até ao porto, apanhamos o ferry, estacionamos as motos no convés, no meio de carros, camiões, outras motos, passageiros, mercadorias e subimos aos alojamentos – três para aqui, três para ali – descalçamos botas e calças, calçamos chinelos e calções, subimos ao convés para nos despedirmos de Barcelona. Depois voltinha para conhecer o mundo apertado e finito do ferry. A seguir jantar num dos quartos. Com direito a esparguete cozinhado no WC devido à extracção de fumos, molho carbonara, pão, cenas e pasta de azeitona e... de barriga já cheia, recostar-me um pouco e adormecer profundamente no quarto que não era o meu enquanto os outros... bem não sei o que fizeram, eles que digam. Acordar, arrastar-me para o quarto certo e dormir. Até de manhã, pensava eu, mas à noite, a agitação do mediterrâneo – o ferry, apesar de gigantone, ainda tremia como uma canoa, quando as ondas embatiam no casco! – originou pequenos despertares.

Espanha já estava para trás. Finalmente! Agora, pelo menos para mim, é que na verdade tinha inicio a viagem.

Itália, Civitavecchia, era o destino da próxima etapa.

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